Resenha: Jardim de inverno



Por Sabrina Godinho:

Sentada no ponto, acabei de fechar o livro. Uma criança corre a minha volta rindo, uma risada sonora e mais uma, das inúmeras lágrimas, escorre pelo meu rosto.
Hannah com sua incrível história conseguiu o que poucos escritores fizeram, apesar deu ter a fama de chorona, ela me fez chorar em desespero.
É difícil imaginar o por que de uma mãe ignorar suas filhas, o começo do livro toca pelo desapego no olhar de Anya. E o pedido no leito de morte de Ivan para sua filha mais nova - e diga-se de passagem, mais obstinada e decidida. - trás a tona terríveis dores de uma mulher que parecia ser puro gelo, e se acaba mostrando sendo apenas forte, apenas sobrevivendo.
Nina é uma fotojornalista, viaja pelo mundo em busca da foto perfeita. Seu foco; as mulheres fortes. Já viu de tudo, morte, dor, sofrimento, fome, guerra... E seu medo de se sitiar, faz com que um namoro de quatro anos, quase se acabe.
Meredith está casada a tantos anos que não se lembra mais em que ponto deixou de viver. Com as duas filhas na faculdade, o casal se adapta a poucos olhares e pouca cumplicidade. E apesar de ambos ainda se amarem, Meredith se pega pensando se é isso que quer mesmo para sua vida. Mas se se separar não for a saída? Haverá uma segunda alternativa?
É o conto de fadas aparentemente inocente, que Anya deixa de contar quando suas filhas ainda são pequenas, que Ivan seu marido, pede que ela conte toda a história. E Nina embarca com unhas e dentes nisso, e faz de tudo para arrancar cada informação que pode; para realizar o último desejo de seu pai. Meredith, sua irmã mais velha, se pega ouvindo as escondidas, aquelas história que traziam infância para sua vida, mas que eram lembranças dolorosas.
Três mulheres em suma, desapegadas. Cada uma com suas dores, não próximas. Mas aquele conto as faz redescobrir um amor entre si amortecido. E o desenrolar do conto se mostra ser mais do que apenas uma história para encantar.
Não sei em que ponto me apaixonei por Nina, me encantei por Meredith e emocionei com a história de Vera ou de Anya.
E como Anya, sinto tanta falta deles!
- Nós, mulheres, fazemos escolhas por outros, não por nós mesmas, e, quando somos mães, nós... suportamos o que for preciso por nossas crianças. Você vai protegê-las. Isso vai doer em você; isso vai doer nelas. Seu trabalho é esconder que seu coração está se partindo e fazer o que elas precisam que você faça.

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